terça-feira, 12 de março de 2013

Para Auristela Sá


Vida e arte se misturam quando começamos a fazer teatro, pois, muitas vezes, passamos mais tempo com nossos colegas do que ao lado dos nossos familiares, daí vamos aprendendo um com outro, as vezes brigamos, jogamos conversa fora, fazemos complô contra o diretor(rsrs), falamos muitas besteiras e fazemos muitas brincadeiras em nossos camarins... dividimos o friozinho na barriga quando chegam as estreias, sim por que quando decidimos trabalhar em GRUPO, as estreias são muitas! Daí quando olhamos para trás se passaram 1, 5, 10, 15, 20...muitos anos e aquele que era colega se tornou amigo, parente mesmo. 

Deixo aqui meus sinceros sentimentos a todos do BANDO DE TEATRO OLODUM E A FAMÍLIA DE AURISTELA SÁ, artista que tive pouco contato na vida, mas pude admirá-la nos palco, sem dúvidas umas das melhores atrizes do TEATRO BAIANO.

Auristela, desejo que seu caminho continue sendo luz!

De Conceição Evaristo- TANTAS SÃO AS ESTRELAS

Não, eu me nego a acreditar
que uma estrela se apague.
São meus olhos caolhos,
caóticos, carcomidos
pela crua e nua certeza
de uma realidade visível
que me invadem as órbitas
causando-me a ilusão
de que só vejo o que é vivo.

Não, eu me nego a acreditar
que uma voz só é audível
se a boca mexer um som dizível
que se propaga até a invasão
de meus viciados ouvidos
Não, eu me nego acreditar
que um corpo tombe vazio
e se desfaça no espaço
feito poeira ou fumaça
adentro no nada dos nadas
nadificando-se

E é por isso,
que na solidão desse banzo antigo,
rememorador de todos
os que de mim já se foram,
eu desenho a sua luz-mulher
e as pontas de sua estrela
enfeitam os dias que ainda
me aguardam
e cruzam com as pontas
das pontas de outras estrelas
que habitam a constelação
de minhas saudades



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